Relatos de uma viciada


Posso dizer que estou limpa a poucos meses. Meu martírio não está ligado a uma garrafa de álcool, um maço de cigarro ou dados. Meu vício não macula apenas o corpo mas também a alma.
O caso é que não tenho atendido o sedutor chamado da lascívia a um bom tempo, na verdade um tempo curto comparado aos anos em que ela foi minha companheira.
Na verdade tudo começou em minha infância. Meus olhos se abriam quando uma cena mais "picante" nas novelas da televisão se iniciava. Eles, os adultos em minha casa, me deixavam ver, na verdade nem me notavam, apesar de eu estar ali. Conversavam e riam dos programas e seus assuntos e eu estava lá, do lado, comendo do mesmo pote ou brincando ao chão. E de vez em quando: Olhava!
Mais tarde minha mente fértil tentava reproduzir o que foi visto nas brincadeiras, com as bonecas e depois com os amigos. Mas ninguém sabia de nada (e seria tão bom se continuasse assim) então não vertia nada sério.
Os anos se passaram e eu cheguei a uma boa idade, daquelas que a tudo se descobre. Foleava revistas teens afoita de curiosidade e caminhava de vagar nos fundos da locadora frente a zona proibida. As revistas do tipo erótico nas bancas então; eram o que eu mais queria folhear, mas coragem nunca tive.
Porém o mundo mudou quando em mãos tive um computador, veio as redes sociais e assim evolui em conhecimento impróprio. Na época comecei a gostar de alguém que era um tanto experiente e cansada de tanta zoeira com minha cara de careta, fui procurar uns assuntos só para saber de algumas coisas, antes do tempo. Despertei sem querer uns sentimentos meio estranhos que nunca havia sentido, hoje sei que com eles não deveria ter mexido! Mas enfim...
Nesse tempo com acesso livre a internet, sem restrição alguma das pessoas ocupadas de minha casa, conheci também muita gente, muitos amigos e alguns, nem tanto assim. Nunca cheguei os conhecer pessoalmente, e nem precisou.
O que um adolescente pode fazer com uma câmera de um celular ou uma webcan? Ninguém imagina!
No começo era amizade, e eu levava tudo a brincadeira. Eram apenas fotos, zueira e cada vez mais; menos roupas. Quando eu vi, estava viciada em pornografia, mas não tinha má índole, não fui educada daquela maneira, então eu me sentia culpada e me afastei. Tarde de mais talvez. Ela, a lascívia, me perseguiu...
Continuei a abraça-la só que em outras áreas onde me sentia menos culpada: Com gente desconhecida!
Fotos e vídeos de modelos ou atores que recebiam por aquilo e eu nem conhecia, era para mim algo menos errado. Mas quanto mais velha eu ficava, mais ampliava as áreas da atuação da lascívia. Já na fase jovem adulta, me envolvi de vez em materiais desses conteúdos promíscuos que geralmente se mascaram como algo com sentimentos maus intensos. Livros de literatura hoot passei a devorar em semanas durante as madrugadas e no lugar daqueles personagens eu me imaginava. Não contendo tanto hormônio no corpo passo então à práticas privadas. Delas não quero nem falar.
Mas minha alma grita, e alto! Posso ouvir, mas não parar. É como uma droga e é quase incontrolável. Me sinto cada dia mais suja e culpada. Não posso convidar ninguém para meu mundo, nem mesmo para meu quarto.
Com isso afasto as pessoas e falo cada vez menos com elas. Acham que sou tímida ou esquisita.
Não procuro também as pessoas que possuem uma certa intimidade com Deus, como o pastor, porque ele saberá na hora de meus erros! E isso não quero! Então o evito. Eles acham que eu não quero nada com nada, mas é porque eu temo. Sei que erro e vou contra meus princípios e a idéia de estar magoando ao Deus que conheci na infância, é insuportável.
Não posso falar com ninguém conhecido que sou viciada também, me chamarão de pervertida. Se afastarão com medo e terão repulsa. Afinal, tal prática pensam que só existe na vida masculina. Nunca ninguém me amará, e simplesmente não adianta dizer “não consigo”. Eles continuam dizendo: “É só querer querida!”
Mas eu quero! Quero muito, talvez não o bastante, eu não sei, só sei que quero! Mas não consigo. O bem que quero fazer não faço e o mal que não quero, esse faço meu Deus!
Porém, a pouco tempo encontrei um amigo a distância, nem conheço direito mas já o chamo assim.
Ele me explicou passo a passo o que devo fazer para vencer esse meu lado ruim e me deu umas dicas. Dia após dia, tenho tentado seguir tudo. Compreendi um pouco que a Graça é algo tipo uma força que Deus da para a gente conseguir ficar limpo.
Então eu aceitei a Cristo de novo, em desespero no chão do meu quarto em oração. Acho que funcionou. Mas, mesmo assim é difícil seguir sozinha. Mas tenho seguido. E hoje faz 2 semanas que estou limpa.
Quero mesmo mudar. Quero mesmo vencer a batalha comigo mesma. E é o que farei.
Com tudo isso aqui dito, não estou afirmando que sou coitadinha ou que sofri porque de nada disso sabia. Não! Eu entrei confesso. Que seria bom ter tido um primo, uma tia, um amigo; alguém que me notasse na infância? Sim! Que todos os adultos não fossem tão liberais? Sim! Mas a culpa é minha, pelo menos a maior parte dela. 
Só estou dizendo que quero ter segurança para seguir. Que gostaria de ver alguém dizendo: “Aconteceu comigo, eu venci!”Gostaria de poder contar com as pessoas sem que elas me olhassem como uma pervertida e ficassem sem graça de falar comigo. Não sou louca. Não sou insana. Não sou sem vergonha, não sou perdida. Ainda que tenha me comportado como uma a algum tempo.
Minha alma continua viva e ela busca ajuda. Sou pecadora, só isso. E meu pecado ainda que feio, não é diferente dos demais pecados e erros. Só gostaria que as pessoas e os "irmãos" soubessem disso.
Sou apenas pecadora, repito.
Sou aquela que precisa ser notada, e que precisa saber sobre a Graça.
Posso ser a bela moça que te atende com um enorme sorriso no rosto quando você vai comprar o café pela manhã. Posso ser sua prima ou vizinha assustada.
Na verdade posso ser qualquer uma ao seu redor e você não nota isso - ainda que o Espírito Santo esteja lhe avisando...

“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: "Como são belos os pés dos que anunciam boas-novas!”
(Romanos 10:14-15)
“O que eu digo a vocês na escuridão, falem à luz do dia; o que é sussurrado em seus ouvidos, proclamem dos telhados.”
(Mateus 10:27)
“Disse, porém, Moisés ao Senhor: "Ó Senhor! Nunca tive facilidade para falar, nem no passado nem agora que falaste a teu servo. Não consigo falar bem!" Disse-lhe o Senhor: "Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou eu, o Senhor? Agora, pois, vá; eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer.”
(Êxodo 4:10-12)

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